TEOLOGIA DA JUSTIFICAÇÃO
- Assembleia de Deus Min. Refúgio em Deus / Portugal
- 10 de nov. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de nov. de 2021
O Que é Justificação Pela Fé?
A justificação pela fé significa o ato jurídico da parte de Deus em que Ele declara como justos homens injustos, por causa dos méritos de seu Filho. Isso significa que por sua graça, mediante a fé em Cristo, Deus torna reto aquele que é culpado.
A justificação é o ponto do processo lógico da salvação em que Deus declara que uma pessoa está num estado de redenção. A justificação pela fé é uma doutrina fundamental na Fé Cristã, e esteve no centro da Reforma Protestante.
O que significa justificação na Bíblia?
A palavra “justificação” tem origem no latim justificare, que significa “fazer justo”. No Antigo Testamento, o termo hebraico tsadaq, que significa “declarar justo”, é utilizado para expressar o sentido de justificar (cf. Deuteronômio 25:1; Provérbios 17:15).
No Novo Testamento, o termo grego utilizado para expressar o ato de justificar é dikaioo, que significa “vindicar”, “inocentar”, “declarar e tratar como justo” (cf. Romanos 8:33. O mesmo apóstolo é quem também emprega o substantivo grego dikaiosis, traduzido como “justificação” (Romanos 4:25; 5:18). Assim, o significado de justificação na Bíblia é o oposto exato de condenação. O ato de justificar é um estado de justiça por meio de uma sentença judicial. No entanto, com relação à soteriologia, o ato de justificar implica na imputação da justiça de uma pessoa a outra. Isso significa declarar alguém que é injusto, justo, pelos méritos de outra pessoa, neste caso, Cristo.
A base e a natureza da justificação pela fé
A justificação é a imputação, em nossa conta, de uma justiça que não é nossa. Essa justiça é baseada na obediência de Cristo (Filipenses 3:9). Assim, a justificação pela fé não ocorre sob a base das próprias obras daquele que é justificado, mas das obras de Cristo.
Na justificação nenhum mérito da própria pessoa é considerado, mas unicamente os méritos de Cristo. Ele se fez maldito por nós, e sua justiça é perfeita (2 Coríntios 5:21; Gálatas 3:13). Essa justiça perfeita é divina, e diferentemente de qualquer justiça humana, ela é a única capaz de satisfazer as exigências da santidade de Deus. Por isto o justificado deve gloriar-se no Senhor (1 Coríntios 1:30,31).
Jesus cumpriu plenamente a Lei, e derramou seu sangue em favor de homens pecadores. Então pela obediência de Cristo muitos são constituídos como justos, pois todas as demandas da Lei foram satisfeitas por Ele (Romanos 3:23; 5:19). A justiça de Cristo é imputada aos redimidos e eles tornam-se a justiça de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21).
Diferentemente da regeneração, a justificação não muda a vida interior da pessoa. Isso significa que ela não afeta diretamente o estado do pecador. A justificação ocorre no tribunal de Deus em um ato único. Também, enquanto a santificação é um processo contínuo, a justificação acontece de uma vez por todas. Isso significa que ou alguém é totalmente justificado ou não é. Não existe um estado de “meio justificado”.
Os elementos da justificação pela fé
A justificação envolve o perdão. Embora a justificação possa ser distinguida do perdão dos pecados, necessariamente o perdão está incluído nela. Essa remissão dos pecados ocorre com base na obra expiatória de Cristo. Além disso, essa remissão é completa. Isso significa que todos os pecados dos redimidos são perdoados, sejam eles passado, presente e futuro. Assim, a culpa pelo pecado é removida, bem como seu castigo merecido (Hebreus 10:14. No entanto, o crente que foi justificado ainda está sujeito ao pecado, ou seja, ocasionalmente ele continua pecando (1 João 1:10). Isso indica que o justificado não deixa de ser pecador nessa vida, mas passa a ser um “pecador justificadoMas a justificação vai ainda mais além do que um simples perdão. Ela também envolve a restauração da comunhão entre Deus e o homem (Atos 13:38-39; 26:18; Romanos 5:1-10). Aquele que foi justificado tem paz com Deus, pois a culpa do pecado é removida.
O pecador, alvo da justificação, é adotado como filho de Deus (João 1:12; Romanos 8:15,16; Gálatas 3:26,24). Agora ele desfruta dos direitos filiais concernentes a esse estado, sendo também herdeiro legal de uma herança eterna. O pecador justificado recebe o direito à vida eterna, pois são herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:7).
O meio da justificação
A justificação é concedida pela graça, e recebida pela fé (Romanos 1:17). Logo, a fé não é a base, mas o meio da justificação. Quando o apóstolo Paulo escreve que a fé de Abraão foi imputada como justiça (Romanos 4:3; citando Gênesis 15:6), ele simplesmente está dizendo que o homem é justificado pela fé, independentemente de suas obras.
A verdadeira fé necessariamente é acompanhada de alguma evidência exterior, isto é, as boas obras. Se essa evidência não ocorrer, então não há fé genuína, e consequentemente, não há justificação. A justificação não ocorre por meio de uma mera profissão de fé, mas pela existência de uma fé verdadeira. A justificação é pela fé, somente pela fé, mas essa fé nunca está sozinha. É disto que Tiago fala quando diz que as obras e a fé tem que andar juntas.
O apóstolo Paulo resume a importância fundamental da justificação pela fé e seu resultado na vida do crente, com as seguintes palavras: “Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus”. Ele ainda completa questionando: “Quem poderá trazer alguma acusação sobre os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica!” (Romanos 8:1,33).

Comentários